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quinta-feira, 12 de junho de 2008

O XADREZ ESTÁ DE LUTO !!!



Hoje o xadrez nacional e o scalabitano em particular, está de luto. A Deusa Caissa veio buscar um dos seus mais ilustres filhos, provavelmente aquele que mais discípulos deste nobre jogo ajudou a formar no Ribatejo.
O Sr. Eurico Leovegildo Monteiro Sêco (06-07-1923), socio nº 722 da FPX, 1566 ELO, perdeu o seu último jogo com um adversário que não lhe deu qualquer hipótese de prolongar a partida por mais uns lances.



Ontem, 11 de Junho foi o seu funeral, o seu permanente assobio de mono-música (A Marselhesa) deixou de se ouvir para sempre...
A última intervenção conhecida que o Sr. Sêco fez em prol do xadrez ficou registada nas páginas do Jornal "O Mirante" quando foi entrevistado pelo jornalista sobre o encerramento da Sala de Xadrez do Inatel de Santarém.
Com mágoa, transmitiu o que lhe ia na alma, educadíssimo como era costume, mas com a convicção de que estava a ser dada a última machadada no xadrez scalabitano em detrimento do capitalismo neo-liberal.
Durante dezenas de anos, diáriamente das 15 horas em diante, essa foi a sua casa, onde jogava, convivia e gozava a merecida reforma.



Infelizmente e como prevíamos, a "velha guarda" não aguentou ver-se privado do seu ninho. Há pouco tempo foi o Gonçalves, jogador de café e companheiro de inúmeras partidas. Agora foi o Sr. Eurico Sêco, e provavelmente os restantes companheiros das tardes do Inatel seguirão o mesmo caminho...
Há dias telefonamos a informar que finalmente tínhamos arranjado uma sala em Santarém para jogar xadrez, mas não chegou a poder gozá-la. Porca de vida !
Na nossa memória ficarão os inúmeros catraios a quem ele ensinou a jogar xadrez. Uns mantêm-se a jogar, outros deixaram, mas certamente o contacto que o Sr. Sêco lhes proporcionou com o xadrez foi uma mais-valia que os acompanhará na sua formação.



Quantos "putos" foram transportados para disputar os Distritais na viatura do Sr. Sêco, à espantosa velocidade de 60 Km ? "Ó Sr. Sêco, não vá tão depressa !(ia a 60 km..) . Realmente é melhor ir mais devagar... ia a esticar-me um pouco !"
Ou do Distrital disputado em Abrantes em que na manhã tinha arrecadado 3 "batatas", atribuindo as 4 vitórias à tarde aos 2 penaltys ao almoço !
Ou as deslocações que fazemos por Portugal e em que alguém vinha sempre saber o que era feito do Sr. Sêco, numa associação do tipo: Portugal/futebol/Eusébio e Santarém/xadrez/Sr. Sêco.
São histórias destas que ficam na memória...
Infelizmente este foi o post que mais me custou a escrever!



COMENTÁRIOS
(Fora da Caixa, que o Sr. Sêco merecia !)


1-(Luis António-Santarém/Almeirim)

Olá,

É com tristeza q vos comunico o desaparecimento de mais uma figura “histórica” do xadrez scalabitano, faleceu esta semana Eurico Sêco, vitima de pneumonia…

Entristece-me não só por ser uma pessoa próxima de todos nós, mas tb pq foi ele quem me recebeu da 1ª vez q me dirigi ao Inatel para começar a jogar xadrez…

Tinha muitas características, mas penso q ninguém q o tenha conhecido esquecerá o inesquecível assobio da marselhesa enquanto abanava o dente da frente e pensava no próximo lance, ou da sua iniciativa de colocar os recém chegados à sala a jogar com alguém, nem q para isso cedesse o seu lugar…

Podia ter defeitos como toda a gente, e não ter feito sempre o melhor pelo xadrez, mas uma coisa ninguém pode negar, se houve uma sala aberta em Santarém onde se podia jogar xadrez durante tantos anos a ele se deve…pode não ter feito o melhor, mas fez o melhor q podia…pode não ter feito o melhor, mas ele estava lá…!!! E isso e muito mais do q muita gente pode dizer…

Agora que estás entre os grandes de outrora, q eles te recebam, agora q viraste imortal

Adeus e até sempre


2 - (Dinis Lameira - Amadora)

Condolências à família e amigos. Um abraço. Dinis


3 - (Miguel Barriga - Santarém)

Bom... eu ontem à noite quando soube, nem queria acreditar. Fiquei em choque...

Após uma noite muito mal dormida, só agora estou capaz de escrever umas palavras... Umas palavras a alguém que me ensinou a jogar. Sempre com um sorriso e um assobio. Quem jogava contra o Sr. Seco já sabia que ia ter “de gramar” a Marselhesa. Não me esqueço da primeira tarde em que entrei na sala do G.X.S. pela primeira vez. Era um Setembro e eu tinha chegado de férias grandes com os meus pais. Tinha para ai 16 anos. A novidade era uma sala nova de Xadrez que tinha aberto perto das nossas casas. Assim, para alem de ir-mos jogar à bola no campo da União Desportiva de Santarém (U.D.S.), também lá iamos antes e depois da bola, havia sempre tempo para lá ir jogar uma partida. Isto foi ao inicio, é claro.

O ambiente era espetacular. Imaginem putos de 14, 15 e 16 anos a entrar numa sala onde havia só malta acima dos 45; claro que tinha de haver algo que nos prendesse lá senão... era uma seca ! O jogo tornou-se engraçado de ver e de ser jogado e as pessoas ajudavam. Eram as piadas, os sorrisos, as pessoas divertidissimas a jogar e a mandar piadas... Enfim, os dias foram passando e eu e outros fomos ficando.

Ainda há uns anos eu ia lá à tarde não para jogar, mas para ouvir as piadas durante uma partida de Xadrez.... É verdade !

O Sr. Seco entava sempre presente e conversávamos muito... Afinal, ensinou-me o jogo, a gostar do jogo e a joga-lo só pelo jogo. Para ele estava sempre tudo bem. Perdia vários jogo com putos novos quando sentia necessidade de os cativar. Quando percebia que eles se estavam mesmo a esforçar... Claro que quando se tratavam de jogos por equipes, eu não gostava do resultado. Mas... era o Sr. Seco... e quem podia dizer-lhe que não ? « Okay Sr. Seco...»

Todos sabemos se há coisa certa, são a morte e os impostos, mas... quando são pessoas próximas que conhecemos há quase 20 anos.... nunca estamos preparados. EU não estava preparado apesar de saber da idade avançada do Sr. Seco...

Dessa malta só sobra um ou dois... Todos os outros já são imortais.

Agora foi a vez do Sr. Seco....

Passei a noite a pensar como é possivel... Imaginava uma cena tipo “Titanic” no final: Imaginava uma cena parada no tempo; o centro da cidade de Santarém a cinzento. O café Portugal cheio de movimento e fernesim em que uns bebiam café, uns diziam mal do regime e muitos outros jogavam Xadrez.... o Cabral, o Pimentel, o Malhou da Costa, etc... todos a jogar uns com os outros. E imaginava o Sr. Seco a chegar agora ao café com a sua pastinha na mão, o seu sorriso e a assobiar a Marselhesa... e imaginava toda a gente a bater palmas para ele... e a recebe-lo calorosamente, e o Malhou da Costa a perguntar-lhe se queria jogar uma partidinha... se era preciso alguma coisa... (como muitas vezes diziam um ao outro em tom de desafio para mais uma partida de Xadrez).

Um grande, grande abraço cheio de saudade e amizade Sr. Seco.

Até sempre...

4 (Bruno Moreira - Santarém )

É graças a ele que hoje jogo xadrez… Ele foi fazer uma simultânea à escola onde eu estudava, jogamos e depois convidou-me a jogar… e não se esqueceu de mim!!

Ele foi de propósito a Torres Novas só para eu jogar uma partida do distrital de sub-16.

A nossa geração de jogadores fica marcada por ele.

……e a ele muito obrigado por tudo!

Até lá Mestre

5 (Carlos Sirgado - Odivelas /Torres Novas )

Estive com o Sr. Eurico não mais que meia dúzia de vezes! Sempre a fazer de motorista de jovens ribatejanos, ávidos de jogar com outros jovens fora do 'circuito habitual'.
Aqueles torneios do circuito de Santarém (há quantos anos...) tinham a sua presença garantida.
Simpático, sempre atento às derrotas dos mais novos, caloroso, amigo de falar com outros, marcou-nos a todos: os que partlharam com ele dezenas de anos de jogo e aqueles (como eu) que se cruzaram apenas umas horitas da vida neste Mundo...
Se um dia pensarem fazer alguma coisa (torneio, memorial, 'and so on...') contem comigo e alguns colegas do Ginásio Clube de Odivelas para participarem.

Um Homem só morre quando nos esquecemos dele!

Até um dia!

6 (Pedro Diogo - Santarém )

Olá a todos,

Foi com grande tristeza que recebi a notícia do falecimento do “nosso“ eterno Sr. Seco.

Não há palavras suficientes para descrever o que ELE fez pelo xadrez scalabitano, mas era aos jovens, em particular, que mais dedicava a sua atenção, procurando sempre dar o impulso decisivo que os cativasse para a prática corrente da modalidade.

Ao deslocar-nos ao Inatel encontrava-mos sempre uma palavra amiga que cordialmente dizia “vai uma partidinha?”.

Nos meus tempos de escola, essencialmente nas férias grandes que era quando havia mais disponibilidade, passei tardes infindáveis na sua companhia.

Muito obrigado por tudo!

Descanse em paz e até sempre!

As minhas condolências à família.

7 (António Castanheira - Lisboa- G.X.Alekhine)

Não conheci o Sr. Eurico Seco mas quem, na hora em que parte, reúne o número e o tipo de comentários colocados neste post por quem o conheceu, de certeza teria o seu mérito, e isso deve servir de conforto à sua família...

António Castanheira



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3 comentários:

Anónimo disse...

É graças a ele que hoje jogo xadrez… Ele foi fazer uma simultânea à escola onde eu estudava, jogamos e depois convidou-me a jogar… e não se esqueceu de mim!!


Ele foi de propósito a Torres Novas só para eu jogar uma partida do distrital de sub-16.


A nossa geração de jogadores fica marcada por ele.


Tenho muita pena de não o ter acompanhado à sua última morada. Os meus sentimentos para a sua família.


……e a ele muito obrigado por tudo!


Até lá Mestre

Anónimo disse...

Estive com o Sr. Eurico não mais que meia dúzia de vezes! Sempre a fazer de motorista de jovens ribatejanos, ávidos de jogar com outros jovens fora do 'circuito habitual'.
Aqueles torneios do circuito de Santarém (há quantos anos...) tinham a sua presença garantida.
Simpático, sempre atento às derrotas dos mais novos, caloroso, amigo de falar com outros, marcou-nos a todos: os que partlharam com ele dezenas de anos de jogo e aqueles (como eu) que se cruzaram apenas umas horitas da vida neste Mundo...
Se um dia pensarem fazer alguma coisa (torneio, memorial, 'and so on...') contem comigo e alguns colegas do Ginásio Clube de Odivelas para participarem.

Um Homem só morre quando nos esquecemos dele!

Até um dia!

Carlos Sirgado

Anónimo disse...

Não conheci o Sr. Eurico Seco mas quem, na hora em que parte, reúne o número e o tipo de comentários colocados neste post por quem o conheceu, de certeza teria o seu mérito, e isso deve servir de conforto à sua família...

António Castanheira