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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Chovem dólares!



Quero partilhar convosco uma dica para o Forex. Parece que agora o bode expiatório para a crise são os «short sellers»... Eu nunca achei muita piada a estes aprendizes de feiticeiro (ou melhor, de cambista), jogadores inveterados que, munidos de uma grande alavanca (e expostos a um grande risco), volatilizam o mercado para uma desmesurada dimensão financeira e «mental», numa especulação desenfreada sem quaisquer contrapartidas económicas reais em trocas comerciais. Mas não é esta uma das consequências da comunicação imediata que tanto gabámos? Deveríamos talvez agradecer-lhes, pois, segundo a teoria económica mais liberal, reduzem a incerteza dos mercados, actualizam instantaneamente expectativas que antes se podiam manter latentes por muito tempo dando origem a correcções bruscas de grande amplitude.

O actual Presidente dos Estados Unidos, politicamente encurralado e em fim de carreira, pretende agora fugir para a frente. Para fazer face à crise, nada mais fácil que ligar a impressora. Num gesto maravilhoso, prepara-se para fazer um novo Plano Marshall para a Europa: inundá-la com dólares, salvando a banca, toda rota. Sim, assim sem mais nem menos; tudo o que precisarmos. Estaremos no dealbar de uma nova era de crescimento sem precedentes? Segundo os seus conselheiros, isso vai criar imensas oportunidades para os seus empresários e criar o emprego que a sua economia precisa, para poder ganhar as próximas eleições. Que cenário idílico. Bucólico, mesmo. Parece que estou a ver o quadro, com florzinhas e borboletas a esvoaçar.

Perdoem o deslize para a ironia: a mim parece-me que há gente que não se enxerga. São esses especuladores, agora tão criticados, que se vão encarregar de responder ao senhor presidente. O dólar está a 1,37 agora, que estou a escrever. Desafio-vos, para os leigos no Forex, a verificarem, no fim desta semana, e da seguinte, a resposta antecipada dos especuladores a esta proposta de novo New Deal. Em Outubro os bancos poderão aceder a estas linhas de crédito em dólares indiscriminadas; em Novembro e em Dezembro repetem a dose. Para o ano logo se vê.


Para quem tem Forex, já sabe o que fazer (e não sejam glutões, que vai haver grandes flutuações, nada de grandes alavancagens nem do abominado short selling, isto tem de ser à semana); para quem tem acesso a futuros, o limite é a sua imaginação, com encadeamentos regulares. Aceitam-se apostas:

1,50$/€?

1,60$/€?



P.S. Todas as tentativas da actual administração americana para criar emprego têm caído rapidamente em saco roto. Porque é que haveríamos de acreditar que esses dólares vão permitir comprar alguma coisa de útil, se a América está em crise e já pouco sabe produzir? Se distribuissem yuans ou yenes ainda me punha na fila, assim parece-me que não vale a pena. Faz-me lembrar aquele célebre album dos Taxi que vinha numa lata. «Cidade internacional, joga-se o Xadrez mundial». Basta substituir Cairo por NY.

1 comentário:

7ze disse...

Parece que o tal plano foi recusado pelos alemães, que estariam a pensar numa versão europeia e em suavizar o efeito de «criação monetária». O argumento invocado é de que o plano americano violaria a independência do Banco Central Europeu. Os alemães são tradicionalmente contra qualquer derrapagem da massa monetária, preocupados com as pressões inflaccionistas que daí advém; no entanto, a emissão de dívida dos países mais fracos a taxas «interessantes», mais de 5% acima da taxa de referência do BCE, em vez de «moralizar» esses países, acabou por redundar numa maior exposição de toda a banca ao risco sistémico da própria coesão monetária. Neste momento, parece haver uma percepção contra o euro; se os burocratas do BCE aguentarem o choque, e o euro não se desintegrar com um default da Grécia logo seguido do de Portugal, o que ficaria associado a uma grave crise bancária à escala europeia e americana, por efeito dominó; os americanos terão de ir fazer chover dólares para outro lado, e a retenção alemã valerá então uma forte e sustentada valorização do Euro face ao dólar.